quinta-feira, 10 de março de 2022

Poema em linha Reta - Alvaro de Azevedo (Fernando Pessoa)



Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das
etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

 Eu, maurício, Estou farto de semideuses.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

inferno de vida

 O futuro é brilhante e tudo é possível. Exceto que você erre. Aí é tudo uma merda. Um inferno. Ninguém pode errar e recomeçar. Aliás, a pior sensação do mundo (profissional, pelo menos) é a do eterno recomeço. Que inferno você estar em um momento em que você sempre está tendo que recomeçar. As pessoas ao redor ajudam? as pessoas ao redor só se preocupam com elas mesmas e foda-se o resto. Todo mundo sempre "te entende"... Mas ninguém entende o que você passa, a não ser que esteja passando pelo que você está passando. Já ouviu falar que "só sabe o que é morar em favela, quem mora em favela'?. É exatamente isso. Quem ficou 2 3 anos sem emprego, recebendo 1, 2, 5, 30 40, 100, 500 negativas de emprego é que sabe. Você não é bom pra nada. Você não é suficiente pra lugar nenhum. Ou você é insuficiente ou vocÊ é qualificado demais. Por que isso precisa ser assim? O que eu fiz pra ser pior q os imbecis que trabalham em cargos absurdos acima de mim? Ou qual meu problema por não querer roubar ou mentir? é isso que me faz pior que os outros? Aliás, quando você chega a um ponto em que você fica descontente pelo sucesso dos seus colegas, isso é o fim da picada. Mas aí vc tem que desistir? Desistir do que? Não há essa opção. A vida está um inferno e não um inferno de doença, de impossibilidade. Um inferno de uma mínima, pequeníssima possibilidade. Um inferno que te coloca em um mini aquário, num recipiente ridiculamente pequeno e você está fadado a ter esse universo mínimo de vidro para todo o sempre. Não sei mais o que eu penso da vida, não sei mais o que eu quero da vida, não sei mais o que eu posso ou não posso da vida. Tudo é um grande não, um grande "decidimos não continuar com sua candidatura". E talvez eu seja um imbecil, cagão que não faz nada e fica esperando qualquer coisa. Se for isso, azar o meu; desculpa, vida, desculpa, destino e todos aqueles que erroneamente tinha expectativas flutuantes sobre mim e que, em tempo algum, ajudaram em nada. Resumindo: eu preciso sair daqui e ir embora, porque eu não quero mais contato, não quero mais estar perto de ninguém e não quero mais saber dessa situação ridícula em que nada acontece e a humilhação é o dia a dia de quem se preocupa com alguém além de si mesmo. Nunca é tarde pra recomeçar. O problema é que quem dá emprego não sabe disso. A vida é legal e tal, mas se você não tiver um ganha pão, uma fonte de renda e os caraio, pra ser um "alguém" com local e condição, nada importa, você simplesmente não importa. É tarde pra recomeçar sim. Não é fácil, mas esse não é fácil vale pra alguns, não pra todos. Fiquem com o diabo q vos carreguem e não me importo quem seja você. Que vida de merda, que inferno e que saco ficar acreditando que o dia vai chegar. Depois, caso algo aconteça, MAS NÃO ACONTECE e FICAR CRIANDO EXPECTATIVA, SONHANDO, FAZENDO PLANOS dóis demais... é muito chato acordar com a realidade. É pior do que quem não tem nada, porque você tem expectativa, você dedicou tempo e esforço pra estudo. Estudar não leva a lugar nenhum. Se você não estudasse, possivelmente, você chegaria a qualquer um desses lugares que você chegou estudando. Não se engane. A sociedade é cruel e não se importa com todos. Ninguém se importa com ninguém, exceto consigo mesmo, cada um. Há algo de errado em conceitos, em valores e nessa vida social hipócrita que todos vivem. Como sair disso tudo? Por favor, deus, entidades do candomblé, áries, sei la quem. Alguém me ajude a sair desse buraco infinito, por favor.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Crítica do filme “Jogos Vorazes”

(preciso aprender a por vídeos no blog e vou tentar fazer um esquema de postagem diferente, por enquanto é só para o Fábio ler mesmo)

A temática YA (‘Young Adults’) tem sido destaque na literatura e nos cinemas de todo o mundo. Depois do sucesso de Harry Potter e mais recentemente da febre da série Crepúsculo, a nova aposta da indústria cinematográfica para atingir jovens de 13 até 29 anos de idade é o best-seller Jogos Vorazes ( ‘Hunger Games’, de Suzanne Colins — EUA, 2008).

Como era de se esperar, a trama gira em torno da vida de alguns jovens, que misturam problemas da vida de adulto com suas emoções e seus sentimentos efervescentes das fases da adolescência. O lugar no qual o filme ocorre só é importante para situar o mote principal do enredo; trata-se dos EUA em um futuro consideravelmente longe, no qual uma terrível guerra envolvendo 12 estados norte-americanos deixou conseqüências seríssimas nas vidas das pessoas.

‘Jogos Vorazes’, que é o título do filme, faz referência ao resultado da tal guerra. Os 12 estados derrotados foram subjugados e praticamente tomados como colônias de exploração do resto do país. Para enfatizar a punição, há cada ano acontece um torneio que reúne um casal de jovens entre 12 até 18 anos, escolhidos de forma aleatória, que se enfrentam em uma arena mortal até que só sobre uma pessoa vitoriosa. Essa batalha é transmitida, ao vivo, para todo o país, tornando-se um dos principais acontecimentos televisivos do país.

A protagonista do filme é Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence), que toma o lugar da pequena irmã para participar do temido confronto. As ‘oferendas’, como os participantes do evento são chamados, são tratados como celebridades dignas de Big Brother até o dia do conflito.

O que foi mais impressionante no filme foi a maneira com a qual ele é filmado. A perspectiva da câmera é uma espécie de ‘primeira pessoa’ inconsciente, isto é, o telespectador vivencia o que os olhos da protagonista vêem e acaba compartilhando suas alegrias e agonias.

No mais, o contexto é muito menos chato e apelativo do que as obras anteriores, no que diz respeito à temática geral. A situação é envolvente e nos faz pensar em uma realidade mais verossímil e menos fantástica, talvez pela seriedade com a qual a sociedade é retratada (evitarei citações de relações com 1984 ou Admirável Mundo Novo).

Em termos de áudio visual, o filme não deixa nada a desejar para as outras grandes produções adolescentes atuais. Salvo que o nível de efeitos especiais durante o contexto principal é muito menor, o que, talvez, faça com que nos aproximemos mais da protagonista e menos da fantasia propriamente dita.

As atuações dos atores, sinceramente, não merecem muito destaque, mas o conjunto da obra até que ficou muito bom. E é claro que há vários pequenos ‘furos’ na história, uma vez que se trata de uma adaptação de um livro. Então, pode ser que o filme não tenha mostrado alguns fatos que faltaram algumas explicações ou, quem sabe, ficou por conta do realismo fantástico ‘Deus Ex Machina’ mesmo...

Enfim, Jogos Vorazes é um filme que cumpre uma estética YA, que traz a tona um assunto atual na perspectiva jovial da coisa, e que surpreende aqueles que achavam que ia se tratar de simplesmente mais um sucesso comercial acéfalo. A recomendação para vê-lo não é das melhores, mas é sim muito boa.

Inspirado nos textos de Fábio Jordan em www.cafecomfilme.com.br

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Festival de Curitiba 2012

Festival de Teatro de Curitiba 2012, você poderá acompanhar novas ppostagens aqui mesmo no MateComCultura em novo formato!

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Feche os olhos para Olhar

análise dirigida de: Feche os Olhos para Olhar.

Assessoria de Imprensa: O atual espetáculo da desCompanhia de dança feche os olhos para Olhar, mais que uma reflexão é uma construção viva sobre o olhar que vai se revelando através de uma organização espontânea. Como uma espécie de jogo, o espetáculo é uma experiência em tempo real, traz um sentimento de estranheza devolvendo na mesma proporção um estado de atenção, um olhar de espanto, um olhar de coisa nova. Trata-se do olhar que se faz no toque, na relação, nos sentidos e acima de tudo na percepção.
O olhar em questão é o ver que se abre para as qualidades dos outros sentidos. O que olho quando vejo? Onde está seu olhar nesse instante? Estas questões estão presentes no espetáculo não para serem respondidas, mas para se tornarem realmente vivas para cada um de nós. Uma presença orgânica nascida da percepção do momento.
O interesse pelo olhar nos proporcionou uma grande aventura por vários universos: da literatura explorando a poesia de Sergio Fingermann e de Alberto Caeiro, da filosofia mergulhando de corpo e alma nas obras de José Gil, Merleau Ponty e Georges Didi Hubermann, das artes plásticas refletindo sobre apreensões nas obras de Cézanne e Paul Klee. E é para compartilhar essa aventura que a desCompanhia de dança convida o público a fechar os olhos para olhar.

Ficha Técnica
Direção e Criação: Cintia Napoli
Bailarinos/Criadores: Juliana Adur, Peter Abudi e Yiuki Dói

Por mim: Primeiro contato com o Teatro Cleon Jacques, propriamente dizendo. O lugar é privilegiado, contando com uma vizinhança belíssima (o Parque São Lourenço, o Colégio Santa Maria e o Mercadorama). A delimitação do espaço platéia/palco já foi diferenciada. Ao se entrar no palco, pela porta dos fundos, os atores já estavam deitados no chão, em meio a passagem, sorrindo e cumprimentando a todos que os fitavam. Havia cinco pequenas arquibancadas, três do lado direito, duas do lado esquerdo, de quem entra. Algumas com bancos, outras com cadeiras divididas. Assim que a última pessoa se acomodou, a porta fechou rapidamente e o espetáculo se iniciou. O trabalho, como qualquer outro de qualidade profissional (ainda preciso procurar uma definição melhor pra isso que quero dizer) começou frio. “Lógico” pode dizer algum desavisado. Acontece que a primeira vista não dá pra saber o que vai acontecer. E conforme vai acontecendo, no começo, é chato. Sim, chato. Mas é aquela fase necessária pra te tirar da sua realidade cotidiana, dos pensamentos que te atrapalham até ali. É pra você achar chato mesmo, enquanto eles se preparam. Eles os atores, dançarinos, tudo resto. Veja como é eficiente: eles têm sua atenção pra achar que ta ruim. Agora podemos começar. Uma menina e dois rapazes. O Yuki, a moça e o cara desengonçado, mais durão. Começa com a moça. A ênfase. Ela começa de saia larga e coturno. O piso de madeira faz muito barulho. Faria, se ela não tivesse uma leveza que chama atenção. Cada vez que ela pisa no chão tem uma leveza junto de uma firmeza impressionante. Cada movimento é bastante cuidado. Eu sempre me pergunto se isso é ensaiado. Se sim, como que se ensaia uma coisa tão abstrata. Será que nas outras apresentações foi igual? De forma positiva de se perguntar. Agora começam os três a interagirem juntos. Começa algum indício de história. Há a porta aberta nos fundos, dois espelhos retos-móveis e cumpridos perto dessa porta. Agora começo a reparar realmente nos objetos cênicos. Na composição do palco. Duas mesinhas, uma arara de cabides, uma gelatina amarela sobre a mesa. Do outro lado duas moças cuidando do que parecia ser a sonoplastia e iluminação. Nada de se esconderem. Em frente a elas, um pequeno tablado com uma pequena mesa, uma chaleira e uma xícara. Sobre cada uma das duas mesinhas um aquário com tiras de papel vermelho dentro. Os três retiram uma das tiras de papel de dentro do aquário, cada um uma tira. Cada um lê a sua própria discretamente. Uma nova interação entre os três começa, a princípio confusa. Depois ainda continua confusa. Hehe. Então um dos três vai até o fundo esquerdo da mesa do som, onde agora reparemos várias linhas escritas. Cada uma descreve um movimento/ação. O cara desengonçado foi o primeiro a ir até lá, disse o que ele tirou no papelzinho e marcou como já feito no que estava escrito na parede. Repetiu com o de cada um, que disse o seu alto. Agora a moça propõe que fechemos os olhos. Ela descreve os movimentos que faz/fará ou que o valha. Uma seqüência que vamos acompanhando com a mente, sabendo exatamente o que ela estaria fazendo, com nossa imaginação. Quando abrimos os olhos, ela repete as ações que ela acabara de descrever. Assim que ela termina, o Yuki toma a cena. Ele começa numa espécie de solo. Então o rapaz desengonçado e a moça falam, como se fossem jornalistas, sobre quem é e o que parece Yuki. O japonês nascido na Bahia é um magricelo, muito magro, com movimentos extremamente leves. O pesado dele é mais leve que o leve que estou acostumado. Mas mesmo assim ele tem um equilíbrio que produz uma firmeza impressionante. Ele flutua pelo chão. Conforme iam colocando as características que atribuíam a ‘quem é o Yuki’ a dança ia mudando o ritmo. Ele ia se afetando da fala e conteúdo. Quando ele acabou, o cara desengonçado começou. O que achei que ia ser a mesma coisa e tal. Aqui é onde eu re retrato com ele. O cara pegou a moça pra dançar. Sério. Desengonçado pra dançar solo, porque em dupla... o cara moeu. Foi um tango contemporâneo. Imagine um dançarino de tango. Agora imagine um dançarino da Gotan Project. Era isso que ela era. Na hora só me vinha SEXO na cabeça. “Como assim?”. Realmente não sei explicar. A coisa fluía em dupla de uma maneira maravilhosa. Tudo bem, eu gosto mais de dança não-sólo. A próxima parte foi repetições do que foi feito anteriormente. Das tiras de papel, das interações, das frases na parede. Até que termina usando uma projeção direcionada, que vai indo até o teto. Sim, ele usaram o teto. Parafraseando o mais notável garoto propaganda da televisão brasileira, Fausto Silva, “Olôco meu”.
Análise poética.: Eu não escrevi do jeito que eu queria na análise anterior. Cada vez mais que passa o tempo com aula de expressão corporal e Fap como um todo, a concepção de moderno vai mudando. A minha. Hoje eu acho que concluí alguma coisas importantes. Principalmente uma, que vai ser o que terminará o diário de classe da primeira até a última aula da matéria. Ainda não teve, eu sei. Mas a conclusão me satisfez. Vou apostar em uma lauda só, para todas as aulas. Aqui é análise da peça, não é? Sim, é. Mas foi essa peça que me mostrou aonde a gente pode chegar se caminhar mais nessa linha da aula. Essa análise poética é assim, porque ela se trata de sentimento. Do meu sentimento, porque a análise é minha. Cada palavra que sai aqui vem de algum lugar novo, de sensação que foi produzida depois de ser afetada, como bem ouço sempre dizer nas aulas. Eu quero lembrar do que eu senti durante a apresentação e achar alguma obra que diga alguma coisa sobre o que eu quero expressar. (uma hora depois)
- Achei!
Aqui vai, cortesia do chapéu alheio:

O Intransigente

Não me chame de intransigente
Nem tente entender o que eu falar
Não pense que o mar e tão imenso
Pois tudo que eu penso é bem maior

Pensar que uma flor é um sinal
É um erro que te faz contente
Não me leve a mal, mas nunca achei
Que todo amor é uma semente

Reze pro teu santo protetor
Se pensas que a dor vai te levar
Pro eterno azul mais que distante
Não existe lá lá lá lá lá!!

(Oneide Diedrich)
Máu-ri.
Postando um trabalho da Facool
Sim, eu realmente entreguei isso.
Sim, eu acho bonito.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

In on It

Análisis da Peçis: IN ON IT

Sinopse Editoriáica: Chega à capital paranaense neste final de semana o espetáculo In on it, dirigida por Enrique Diaz. A peça apresenta uma narrativa em espiral em que dois grandes atores, Emilio de Mello e Fernando Eiras, assumem dez identidades diferentes. Depois de desconstruir clássicos em seus mais recentes, e premiados, espetáculos (Ensaio.Hamlet e Gaivota – tema para um conto curto), o ator e diretor Enrique Diaz se debruçou sobre In on it, obra do autor canadense Daniel MacIvor. O espetáculo foi descoberto por Diaz numa viagem a Nova Iorque. “Quando vi a peça em Nova Iorque, anos atrás, achei-a interessantíssima: alguma coisa incompleta, mas que seduzia pela maestria no jogo dos níveis de interpretação e pela metalinguagem. Dois atores, atuações complexas e um universo poético muito sensível. Anos mais tarde, fui com Ensaio.Hamlet para o Under The Radar Festival, festival de artes onde o Daniel MacIvor se apresentou no ano seguinte. A partir daí comecei a costurar a possibilidade de montar a peça no Brasil”, conta o diretor. (leia a matéria – www.parana-online.com.br)

Ficha Técnica
texto: DANIEL MACIVOR tradução: DANIELE ÁVILA direção: ENRIQUE DIAZ elenco: EMILIO DE MELLO e FERNANDO EIRAS iluminação: MANECO QUINDERÉ cenografia: DOMINGOS DE ALCÂNTARA figurino: LUCIANA CARDOSO trilha sonora: LUCAS MARCIER técnica alexander: VÁLERIA CAMPOS coreografia: MABEL TUDE consultoria de movimento: MARCIA RUBIN programação visual: OLÍVIA FERREIRA e PEDRO GARAVAGLIA – RADIOGRÁFICO fotografia: DALTON VALÉRIOassessoria de imprensa em SP: MORENTE FORTE assistente de direção: PEDRO FREIRE estagiária de direção: CÉCILE DANO iluminador assistente: LEANDRO BARRETO assistente de cenografia: RAFAEL MEDEIROS assistente de figurino: DENISE TUPINAMBÁ assistente de programação Visual: BÁRBARA ABBÊS e MÔNICA PUGA operador de luz: CARLOS MORAES operador de som: ROBERTA SERRETIELLO contra-regra: DOUGLAS MARIANO direção de cena: RICHARD SANTIAGO produção executiva SP: ROBERTA KOYAMA direção de produção SP: HENRIQUE MARIANO direção de produção RJ: ROSSINE A. FREITAS produção: ENRIQUE DIAZ

Por mim: No meu preferido Teatro da Caixa, no meu dia da semana preferido (Domingo) com algumas das minhas companhias que eu mais prefiro. Em um dia de tempo bonito, com friozinho característico da noite curitibensis e muito glamour no ar. Presente no Festival de Curitiba, só que sem a minha visência (eu não pude ir ver), aproveitei para conferir esse espetáculo que estava novamente por essas bandas. Essa peça. Sei lá... calma. São dois atores, com texto sem ser despretensioso. Também. São quatro atores. A iluminação e a parte sonora são incontestavelmente mais duas figuras de fato. E que falam. A palavra chave dessa peça é sincronia. Perdoem essa minha análise de hoje, depois de bastante tempo sem atualizações, já volto atropelando os bois. E nem me dei ao trabalho de tentar esconder minha parcialidade. Essa peça é um trabalho pra uma vida. Não dá pra levar em paralelo. O peso de cada ação em cada cena, a sincronia de cada passo, e digo dos QUATRO atores, é felomenal. A história passa em três momentos/tempos diferentes, como bem dizem as sinopses e coisas e tais. São entrelaçadas de forma a parecerem muito claras. Sai-se sem dúvidas do que foi apresentado. Mas pensando bem, mesmo ao ler de novo o livreto da peça, fica difícil relacionar o que foi visto com qual momento.Parece confuso né. E é. Só que os dois monstrinhos dos atores deixam isso de um jeito que agente entende tudo. Falando neles, deixa eu resumir em muitas linhas. Trabalho de sincronia é impressionante (de novo) (é, denovo). Eu consegui reparar na movimentação deles em relação à luz. O espaço era tão ocupado pelos corpos que ficou complicado notar a falta de cenário físico. É a minha justificativa dos dois outros personagens: a luz e o som. Cada vez que um personagem entrava em cena,absolutamente sabíamos EXACTAMIENTE onde se passava a situação. Pode conferir: o consultório médico, o lugar gramado das trocas de passes de beisebol, o restaurante, a sacada da frente da casa, o bordel, a casa de um, da amiga, o próprio teatro, e arrisco colocar um lugar adimensional no qual se passa vários entre cenas. Pensando então, o cenário aparecia ali, derrepentemente. O trabalho corporal tanto (no pessoal quanto no profissional) na interpretação, na mudança brusca de clima, na firmeza adequada de cada movimento, na maldita assustadora sincronia entre tudo, foi muito bem trabalhado em cada pequeno detalhe. O final da peça é surpreendentemente surpreendente. Meu mais maior atributo de encanto é o controle total com que os atores (4) conseguiam sem mais nem menos construir/começar tudo de uma vez, e com a mesma rapidez interromper/desconstruir uma cena inteira. Tipo assim, o cara derrepente é o doutor e o outro o paciente assustado/com raiva, que recebe a notícia//agora voltaram ao lugar adimensional criticam as atuações, e recomeçam no restaurante, com todo o clima mudando assim (plac! [dedos estalando]).

Doravante: Contrariando a contrariedade de não ir rever peças já anteriormente vistas, vá que provavelmente você me encontre lá de novo.

Máu-ri
Todo mundo chorou
Voltando as aulasArtes Cênicas Emocionantes

quinta-feira, 1 de julho de 2010

"Obsceno eu público"

Análise da Peça: Obsceno eu público.

Sinopse: "Obsceno Eu Público" traz para cena discursos que marcaram os anos 70, 80 e 90, mixando biografias de personagens e atores a histórias do Brasil. O ator, Mauro Zanatta, apresenta: “representantes” do povo, senhores da guerra, o embate entre o velho e o novo, o processo de “lobotomização” na alfabetização cultural das gerações dos “pequenos peleguinhos”, relações de amor, culpa e abandono na família. Neste espetáculo o “eu” do ator chama à cena o que geralmente ficaria nos bastidores. Com poesia e sátira confessa sua “crise de identidade” na política e na arte, comunicando o imaginário do teatro com o cotidiano vivido pela sociedade, tornando-se o “obsceno eu público.”

FICHA TÉCNICA
Direção: Giovana de Salles Elenco: Mauro Zanatta Pesquisadores: Camila Jorge e Gabriel Rachwal Dramaturgia:Mauro Zanatta e Gabriel Rachwal Fotografias Valdir Silva Iluminação: Wagner Corrêa Design Sonoro: Ary Giordani Cenário Alfredo Gomes Vídeos: Fábio Allon Design Gráfico:Adriana Alegria Direção de Produção: Edran Mariano Realização: Ator Cômico Produções Artísticas

Por mim: Uma peça apresentada no belíssimo teatro José Maria Santos, o filho mais queridinho do Teatro Guaíra. No belo palco do teatro estava o ator, quando já entramos, vestido, em um misto de ator Mauro/personagem Mauro. Estava falando com alguém, que conforme ele se movimentava, focava uma luz diferente, quando o ator fazia uma relação de algo bastante familiar à platéia. Alguns autores bastante conhecidos, em passagens cênicas bastantes peculiares. Então de fato a peça começou. Era um monólogo. Quem me conhece sabe que quando eu vejo que é monólogo, eu já pego as pedras. No entanto, o ator contracenava com o palco, que era composto por projeções. Contracenava, as vezes, com a própria platéia. Até com ele mesmo, como sendo realidade e pensamento, ou alguma coisa nesses parâmetros. Então ponto pro Mauro. Os movimentos corporais dele são incríveis. Ele realmente mostra uma facilidade tamanha no que eles está fazendo, que parece realmente ser fácil de fazer. Bem como um profissional de skate virando de ponta cabeça num half-pipe e caindo de pé, de forma tão perfeita, que dá pra pensar: “hunf, nem deve ter sido tão difícil assim”. Depois, a variedade de elementos que compunham andamento da peça era excelente. Certa hora há dois rádios, um bem velho e outro mais novo, que o próprio ator, em tempo real, inicia e pausa formando um diálogo feito pelas vozes gravadas. Conteúdo. Sobre o conteúdo. Interessante. É, legal... tipo, eu acredito que quando eu tiver uma experiência teatral mais afiada, tiver estudado muito mais, criado obras, ter vivenciado estréias, montado espetáculos que deram certo, outros que não deram tão certo, aí então eu acho que eu vou entender do que ele estava falando. Por enquanto limito-me a ter achado legal. Será que eu comento do stand-up que faz parte do finzinho? Se eu não estragar aqui, ele vai acabar estragando lá mesmo...? Bom, depois que acaba, o ator fala que a proposta dele é ficar lá no palco até o último ir embora, para ouvir o que agente tiver pra falar pra ele. Eu fui até lá, antes de todo mundo, e disse: “parabéns!”.

Doravante: Excelente pra psicologia e antropologia e essas coisas que a gente não se preocupa nas peças que vê. Recomendo muito pouco.


Máu-ri
Aluno voltando
Aluno revoltando
Aluno com dor de cabeça.