segunda-feira, 26 de abril de 2010

Vigor Mortis Peep Show

Peça de teatro humildosamente analisada:
Vigor Mortis Peep Show

>> Nota interlúdica prefática: Abaixo o release do próprio site do HSBC, porque acho que ficou bem legal.

Release: “Como conclusão do projeto "Ator Prestidigitador: o intérprete do Grand Guignol", vencedor do Prêmio Myriam Muniz da Funarte, serão apresentados a partir desta sexta feira, 16 de abril, os Vigor Mortis Peep Shows. Os Peep Shows são apresentações abertas e gratuitas de mini montagens da Vigor Mortis livremente adaptadas de clássicos do Grand Guignol, o teatro de horror da Belle Époque parisiense. O objetivo do projeto é aprofundar a técnica da equipe da Vigor Mortis para as necessida-des da narrativa de horror e violência do Grand Guignol. Neste sentido, o elenco fez ofici-nas internas de coreografia de luta e de ilusionismo. A mescla entre estes dois elementos somado a um estilo de interpretação que beira o camp, fazem a linha estética da tradição do Grand Guignol. "A Vigor Mortis começou o trabalho com o Grand Guignol há treze anos, mas as experi-ências sempre eram empíricas, ou seja, sempre aplicadas diretamente a alguma monta-gem. Nunca tivemos tempo para parar, pesquisar e refletir sobre o que significa de fato isso.", explica o diretor Paulo Biscaia Filho. "Com este prêmio da Funarte, pudemos pela primeira vez pesquisar e depois ir para as montagens. E a montagem não tem o objetivo de ser uma 'verdadeira' peça de teatro. Os Peep Shows, como o nome já diz, são espia-delas neste processo e nesta estética". Os peep shows chegam agora a sua etapa final no projeto. A primeira aconteceu com as apresentações do Peep Show #1: O beijo no meio da Noite, no início de fevereiro. Nos dias 26, 27 e 28 de fevereiro foi apresentado o Peep#2: O Método do Dr. Betume. Agora o projeto encerra com apresentações dos dois primeiros 'peeps' e mais o terceiro: O La-boratório Maldito. O terceiro e ainda inédito peep show teve um processo diferente dos dois primeiros. "Em vez de repetir a mesma fórmula de dramaturgia/adequação/marcação, achamos muito mais proveitoso criar uma dramaturgia própria a partir de temas sugeridos e elementos corporais de ação e prestidigitação. A palavra não tem me interessado tanto quanto a i-magem. O texto pode ser traiçoeiro ao ator e ao diretor. Este peep show tem mais ação que os dois primeiros. Ação, imagem e impacto. Laboratório Maldito é onde o filme A Pro-fecia encontra o desenho Comichão e Coçadinha", provoca o diretor. Cada peep show têm duração aproximada de 25-30 minutos, totalizando a apresentação em 90 minutos.
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FICHA TÉCNICA E SINÓPSES
O Beijo no Meio da Noite
Sinopse: Henri isola-se em uma casa longe da cidade após ser liberado do hospital. Jeanne, noiva de Henri, em um ataque doentio de ciúmes jogara ácido sulfúrico no rosto do noivo. Agora, desfigurado e amargurado, Henri enfia-se em ópio enquanto aguarda a chegada de Jeanne para um último beijo no meio da noite.
Elenco: Wagner Corrêa (Henri), Michelle Pucci (Jeanne), Leandro Daniel Colombo (Padre Gusteau), Marco Novack (Médico)
Adaptado livremente da obra de Maurice Level por Paulo Biscaia Filho com colaboração de Rafaella Marques.
Direção: Paulo Biscaia Filho
O Sistema do Dr. Betume
Sinopse: Uma jornalista vai até um manicômio particular para conhecer o estranho méto-do de cura através do excêntrico corpo médico do lugar.
Elenco: Wagner Corrêa (Professor Pluma), Michelle Pucci (Madeleine Dupin), Leandro Daniel Colombo (Dr. Maillard), Rafella Marques (Eugenie), Marco Novack (Jean)
Adaptado livremente da obra de Edgar Allan Poe por Paulo Biscaia Filho
Direção: Paulo Biscaia Filho
Laboratório Maldito
Sinopse: Uma médica, uma freira, um padre exorcista e um homem que dá a luz a uma criatura demoníaca.
Elenco: Wagner Corrêa (Monsenhor), Michelle Pucci (Irmã), Leandro Daniel Colombo (Homem), Rafella Marques (Médica)
Concepção de roteiro e ação pela equipe da Vigor Mortis
Direção: Paulo Biscaia Filho

Por mim: Olá teatro do HSBC. Recém reinaugurado, esse ano, o espaço é interessantíssimo. Odeio o fato de alguns teatros tão bons não terem lugares marcados, como esse. Nem dá nada. É excelente mesmo assim. O senhor Paulo Biscaia, por quem já tenho admiração de média data (nem sou velho o suficiente pra admirar alguém por longa data), apresenta mais uma de suas obras sanguinolentas, perspicazes e inconvencionais. Não convencionais. Nada de absurdo. É terror mesmo. Nesse caso das três “peeps” (como carinhosamente chamarei cada uma das pequenas peças) é tragicomédiaterror. Ou que o valha. O palco nunca é uma limitação para Vigor Mortis. O uso de recursos multimídicos é bastante corriqueiro em seus espetáculos, também. E muito bem usados, diga-se de passagem. A visão frontal do palco era como se fosse uma tela de tv velha, semi arredondada. Uma ‘película’ anteposta funcionada de ‘tela’. Literalmente, porque nela eram projetadas imagens. Imagens dos atores, das cenas. As vezes closes, as vezes outros. Antes de cada peep era explicada uma breve descrição do que seria apresentado e de onde o vem. Ou seja, muitas das limitações da peça teatral convencional morriam aí. Mas para o leitor que conhece o trabalho da Companhia VigorMortis estamos sem novidades até então. Vamos aos peeps. O beijo no meio da noite: a primeira já mostra o que é que vamos ter dali pra frente. Uma trágica situação, que por vezes nos mostra passagens engraçadas, com desfecho interessantíssimo. Os atores desempenham muito bem e contracenam com os recursos que fazem o diferencial com bastante naturalidade. O Sistema do Doutor Betume mostra alguma coisa como um hospício. Da obra do metríssimo Edgar Allan Poe não podia-se esperar menos. O ritmo de humor vai aumentando, com cenas já mais espalhafatosas, mas com muita tensão no ar. Até chegar Laboratório Maldito, com sua anticristandande, muito sangue e tragicomicidade risóles chique pra 3 pessoas.

Doravante: Recomendo pra quem tem impressão que teatro não tem explosões, sangue, baiacu, nem quadrinhos.

Máu-ri
Peguei a camiseta que
os atores jogaram pra platéia
e to com ela hoje! Rá!

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